outubro 21, 2016

Ele.

Ele conversa com a televisão. Emite opiniões, briga, concorda, se revolta. Mas também conversa comigo como poucos homens se dispõe a fazer.

Ele perde a paciência com o controle remoto, mas perde ainda mais diante de uma injustiça lançada às suas filhas.

Ele acha um absurdo eu comprar outra bolsa de mão, mas adora me dar uma de presente.

Ele morre de rir das Pegadinhas do Faustão, eu não acho graça. Mas a gente morre de rir, juntos, assistindo ao Bob Esponja.

Ele assiste Walkind Dead sozinho e com fones de ouvido, mas me espera para todos os episódios de Modern Family.

Ele briga comigo quando eu tropeço na rua, diz que eu ando “olhando pra cima”, mas é o primeiro a segurar a minha mão.

Ele reclama que ando devagar por causa do salto alto, mas dá uma volta enorme com o carro só para me deixar na porta do escritório.

Ele aprendeu a tomar café sem adoçar comigo, mas me ensinou a usar o certificado digital.

Ele não gosta de esperar, mas faz um curativo minucioso como ninguém.

Ele critica as músicas que gosto, mas as cantarola durante todo o dia.

Ele gosta de carne, mas faz um risoto maravilhoso, porque a gente adora.

Ele fala muito, mas faz ainda mais.


Ele reclama que eu falo pouco, não me expresso. Mas ele não sabe que o que eu sinto é tão grande, que, muitas vezes, nem sobra lugar para muitas palavras.

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