abril 26, 2011

Espelho, espelho meu.

Uma das melhores sensações que eu conheço é a sensação de voltar para casa. Não importa quanto tempo fico fora, como ou com quem, mas quando volto para casa, é como se eu me conhecesse melhor. É a sensação que tenho quando estamos juntas. Sensação de voltar para casa, de aconchego, de conforto, de confiança, de alivio.

Somos Renatas que se entendem quase como se fossem a mesma pessoa, como se os sentimentos de uma fossem claros como água para a outra. Um espelho, um reflexo, uma identidade.

Talvez essa sensação de volta para casa seja porque logo que voltei a morar em Colatina, após nove anos em outra cidade, ela tenha sido a minha primeira amiga. Morávamos uma ao lado da outra e passávamos o dia quase todo juntas. Ela brinca dizendo que comprava a minha companhia em algumas ocasiões com picolés e chocolates. Não posso dizer que é mentira, mas a maior verdade de todas é que NADA compra o tempo que passamos juntas e o amor que tenho por ela. NADA.

Crescemos juntas, com finais de semana na fazenda, brigas de irmãos, conversas intermináveis na frente de casa, passeios de  bicicletacom direito a assalto, idas ao tercinho e à Perseverança da Catedral – que na época era Matriz - , planos profissionais para o futuro – que foram completamente modificados – e tudo mais o que tínhamos direito. Porque éramos vizinhas? Não. Ela se mudou de casa. Ela se mudou de cidade. Ela se mudou de país. E, mesmo assim, continuamos próximas, como se apenas alguns metros nos separassem e eu ainda pudesse sair de casa carregando um colchão já arrumado, para dormir na casa dela.

Hoje somos Renatas adultas, mas continuamos sendo um espelho. Pelo menos, ela é um espelho para mim. Um espelho através do qual eu vejo muito mais do que qualquer outro. Um espelho que sente, que entende, que espera, que ajuda, que divide, que cuida, que se preocupa. Um espelho que tem medo, ansiedade, angústia assim como eu, mas que celebra uma vitória ou um momento qualquer da vida como nenhum outro. Um espelho de corpo inteiro e de alma toda, que pode ter o tamanho de uma dificuldade ou caber dentro da bolsa. Um espelho que carrega uma história e que faz parte do presente. Do MEU presente. Um espelho lindo, que merece muito mais do que uma casa com varanda e quintal. Um espelho para quem eu desejo tudo o que desejo para mim mesma e com a mesma intensidade. Um espelho que eu quero para a vida toda. Em espelho que eu tenho certeza que vai ter sempre um lugarzinho para o meu colchão arrumado porque o seu coração continua vizinho do meu.






abril 14, 2011

Para guardar pra sempre.

No ano em que fiz quinze anos, ganhei de presente uma viagem para a Disney. Eu e várias amigas minhas da mesma idade. Ficamos dezoito dias entre Orlando e Miami, aproveitando tudo, achando tudo maravilhoso e, claro, trazendo malas cheias de bichos de pelúcia. Na época, ir na Disney e não trazer bichinhos de pelúcia era quase um pecado mortal. Era a época do Nintendo, de aparelhos de CD e fita cassete regravável. O meu "CD Player" tinha controle remoto e era a coisa mais moderna em que se podia pensar na época. Perfume Azzaro não podia faltar na bagagem, assim como CD's do Pink Floyd, U2 e de uma banda que eu acho que se chamava Technotronic, ou algo semelhante.

Muitas coisas me marcaram muito naquela viagem. Uma delas foi perceber no passaporte de uma menina chamada Fernanda, que também comemorava seus quinze anos, alguns carimbos anteriores. Aquela não era a sua primeira viagem internacional. Entre outras, ela já havia estado na Disney, alguns anos antes, com os pais e o irmão. Naquela hora, eu achei que havia encontrado a pessoa mais feliz do mundo. Ela estava vivendo aquilo tudo com as amigas, mas já tinha vivido antes, com a família. Achei o máximo. Não sei que fim levou a Fernanda, nem mesmo sei se ela sabe que o passaporte carimbado dela causou tanto impacto assim na vida de alguém, mas o fato é que eu, por muito tempo, achei que ela sim, era uma pessoa feliz, realizada. Viagem internacional, no meu universo, só acontecia aos quinze anos. Mas o meu universo mudou. Hoje, não acho que a felicidade dependa de uma viagem internacional, seja aos quinze, aos trinta, aos cinco ou aos cinquenta anoa. Bichos de Pelúcia não entrariam em minha bagagem, o meu CD Player super moderno virou um monstro pré-histórico sem lugar, minhas filhas sequer sabem o que é uma fita cassete regravável e nem sei se vendem mais Azarro...

O tempo passou. De forma implacável mas também deliciosa. Gratificante. Das fitas regraváveis ao IPod Nano, oportunidades foram aparecendo, responsabilidades foram surgindo, e, no meio de tudo isso, casamento, filhas e mais tantas outras coisas.

No meio desse cenário novo que a vida criou para mim - ou que eu criei para a vida, talvez - fomos à Disney com as crianças. Sem esperar quinze anos de ninguém, sem planejar demais, sem nada de especial para comemorar. Apenas o fato de estarmos juntos e podermos curtir essa fantasia toda de uma forma completamente diferente. E ainda mais deliciosa.

CDs, perfumes, video games, e tantas outras coisas deram lugar a coroas, varinhas de condão e até mesmo a fantasias de princesas. Horas de shopping foram substituídas por filas nos parques para que elas pudessem ter o autógrafo e as fotos de seus personagens preferidos. Idas repetidas nas montanhas russas mais radicais foram substituídas por estórias, shows musicais, atrações encantadoras.

E assim eu aprendi o que é magia de verdade. É ver nos olhos de uma criança a alegria por ver o Alladin e a Jasmin ao seu lado, se preocupar com a pequena sereia Ariel fora da água, se esconder atrás da Bela com medo das unhas enormes da Fera. É dizer que as princesas, naquela noite após o desfile, fariam uma festa do pijama no Castelo da Cinderela, pois estavam todas ali. É tentar bater na madrasta malvada que aparece no filme 4D. É cantar e dançar em qualquer oportunidade. Perguntar se as princesas também comem aquela pizza. É achar o cabelo da Princesa Aurora lindo e querer deixar crescer para usar igual. É celebrar cada cantinho, cada flor, cada jardim, cada luz, cada fogo de artifício. É dar significado para tudo e não se preocupar com o significado de nada ao mesmo tempo. É entender  que é ser criança e voltar a sê-lo de novo.

Voltamos de malas cheias, sim, mas mais cheio estava o coração. O passaporte foi carimbado sim, mas a maior marca que ficou foi o sorriso que aparece no rosto de cada uma delas quando lembramos do que passamos juntos. Vivemos um sonho sim, mas o melhor de tudo, para guardar para sempre, foi voltar para a realidade acreditando, de verdade, em magia.








abril 07, 2011

Uma Árvore Para Mim.

Foi promessa este ano. Promessa para cada uma delas. Um texto no dia do aniversário de cada uma. Cada uma das minhas amigas queridas que fazem parte da minha vida. Cada uma do seu jeito, com a sua intensidade, com a sua parte que me toca. Elas pediram e eu estou adorando cumprir esta promessa.

E hoje é o dia da minha árvore.

Das minhas amizades mais próximas, talvez ela seja a mais nova. Mas eu nunca vou poder dizer menos intensa. Sabe quando uma alma gosta da outra? Pois é. A minha alma gosta da dela. De verdade. Ela vive dizendo que tem muitos defeitos. Eu vejo tantas qualidades que ela nem imagina. Ela fala que é estourada e brigona. Tudo o que eu queria ser e não sou. Talvez ela nem saiba, mas me ensinou muita coisa. Me ajudou a expulsar a Júlia de vez (piada interna), me ensinou a planejar menos e aproveitar mais, me ensinou a comer alface e rúcula com molho de iogurte e me ensinou a tomar champagne neste carnaval. E eu, que nunca gostei de beber nada, achei o máximo me sentir tão diferente depois de umas tacinhas. Nada demais, mas ela, a minha árvore, ficou ali, fingindo que também bebia, só para ver se eu ia me comportar direitinho...Coisa de amiga mesmo, não é? Ela não quer ver o circo pegar fogo. Se for preciso, veste roupa de bombeiro e ajuda a apagá-lo. Mesmo que tenha que descer do salto para isso.

Por que árvore? O Apy (filho mais novo dela) se pendura em seu pescoço como um macaquinho e diz que ela é a sua árvore. Ah, Apy! Me perdoa, mas eu também adoro me pendurar no pescoço dela. Com champagne ou sem champagne. Já tomei essa árvore para mim também...E adoro ficar perto dela. Adoro as nossas conversas sobre maquiagem, esmaltes e sapatos, algumas das paixões que nos unem. Somos tão fúteis quando queremos...Ou quando precisamos...

Minha árvore tem um coração enorme. Ela até divide os bombons diet que ganha da Cacau Show! Ela também me surpreende muito. Eu sempre achei que ela fosse aquela "dona do pedaço"que decide, não sofre, não chora, aproveita a vida e tem muitos amigos, mas não aceita qualquer um. Mas, vendo essa árvore mais de perto, hoje percebo que ela é muito disso sim, mas é, antes de qualquer coisa, puro coração. Puro sentimento. Minha árvore vira manteiga derretida fácil, fácil. Ela é doce, meiga e se importa com cada palavra que é dita para ela. Tudo isso não aparece logo, não...É como aquela árvore que parece pequena, mas tem raízes enormes e fortes, impossíveis de serem arrancadas. As raízes dela são assim. Cheias de doçura, de cuidado, de preocupação, de proteção, de cumplicidade verdadeira e também de uma fragilidade quase infantil, ingênua, que poucas pessoas conseguem manter e que a tornam tão especial. Esse é o tesouro dela. Não é qualquer um que ela deixa ver, não. Eu não sei se ela me deixou ver ou se eu fui enxerida e descobri, mas o fato é que agora não tem mais jeito. Essa árvore já é parte da paisagem que eu criei para mim e eu sou muito orgulhosa disso.

Minha árvore, saiba que você é muito querida, sua sombra já se tornou necessária para mim e saiba também que, se depender de mim, você terá tudo o que precisa para continuar sendo a árvore que o Apy me emprestou - mesmo sem saber! - sol, água, chuva, poda, noite, dia, bombons diet da cacau show, borbulhas, blushes da Nars e da Guerlain, Primers e Lápis de Olho da Urban Decay, Sombras Chanel, Duda Molinos, Pincéis da M.A.C, Studio Fix na cor certa, Iluminadores da Benefit, Máscaras da Dior e da Maybelline, Batons Chanel, Illamasqua, Corretivos da YSL, enfim, tudo o que for necessário para te fazer feliz e te ter por perto. Muitos beijos, viu?