novembro 27, 2013

Uma flor na mesa de centro.

Tenho sentido meu coração apertado. Aquele tipo de sentimento que vira físico. Aquele tipo de sentimento que, muitas vezes, a gente nem sabe porque está sentindo. Aquele que a gente fica remoendo, tentando digerir, tentando explicar. Até que percebe que não tem explicação. E talvez seja melhor assim. 

Talvez um coração apertado funcione melhor. Quando o espaço é pequeno, a gente tende a escolher o que guarda. Um coração apertado não tem espaço para qualquer coisa. Não dá para guardar um entulho de emoções, de lembranças, de preocupações. A gente só guarda o essencial. Aquilo sem o qual não sobreviveríamos. Acabamos por escolher melhor o que será mantido. Guardamos o que usamos, de fato. Como numa arrumação de uma gaveta ou de um guarda roupas. Não adianta guardar aquela calça preta que, apesar de incrível, não veste mais como antes. Não dá para insistir no iluminador da Chanel comprado há dez anos atrás que já não ilumina mais e já causa até alergia. É Chanel, mas também estraga. 

Emoções também estragam. Passam do ponto. Preocupações, então...Arriscaria dizer que essas já nascem com prazo de validade expirado. É preciso passá-las pra frente, pra outros, pra ninguém. É preciso arrumar melhor um coração apertado. Como aqueles apartamentos Nova Iorquinos de trinta e cinco metros quadrados que parecem conseguir guardar o mundo e ainda ter um vaso flor na mesa de centro. 

É isso. Quero meu coração apertado, mas com flor na mesa de centro. Gérberas ou margaridas, de preferência. E tela colorida na parede. É aquela história de funcionalidade.