E daí que no meio da tarde, diante
de, pelo menos, cinco arquivos abertos que aguardam, ansiosamente, serem
finalizados, olho para baixo da mesa do escritório e enxergo, na lixeira,
alguns papéis amassados. Por um momento, me pergunto: O que foi mesmo que
joguei fora?
É que às vezes, no afã de
enxergar uma mesa organizada, a gente acaba jogando fora um papel importante. Em outras vezes, até reconhecemos a
insignificância do bendito papelzinho naquele momento, e, dias mais tarde, nos
deparamos com a sua necessidade. Amaldiçoamos o momento da decisão do descarte.
Mas, na grande maioria das vezes, já foi. Não tem mais jeito. Afinal, o que foi
descartado tem destino também. Não é certo, mas é um destino.
Naquela história de que o mundo
dá voltas (algumas que aguardo ansiosa como os arquivos abertos no meu
computador), quem sabe o papelzinho não volte para as nossas próprias mãos, cheio
de status, como um bloquinho reciclado? Assim mesmo, quase que olhando de cima
para baixo e dizendo: Viu? Ou quem sabe vire uma obra de arte, um caderno de
criança, um enfeite de Natal?
Eles estão aqui ainda, na lixeira
da minha sala. Mas já imaginei para eles um monte de desfechos diferentes. E
quando penso assim, acabo me apegando. Apego a papeizinhos amassados jogados na
lixeira? É...Preciso parar de olhar para baixo enquanto trabalho...
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