Sinto o tempo nos meus olhos. Não enxergo como enxerguei um
dia. Não vejo mais o que eu via. Talvez seja uma forma da natureza me dizer que
o tempo passa. Que eu não sou mais a mesma e que não preciso ser a mesma.
Caprichosa como sempre, a natureza nos deixa mais deficientes quando podemos ir
mais longe. Nos tira vagarosamente a visão quando as coisas começam a parecer
claras demais. Talvez na intenção de evitar o sofrimento. Talvez na intenção de
nos permitir um descanso. A maturidade não nos deixaria descansar se continuássemos
a ver tudo tão claramente. Então, a visão embaça. Fica mais difícil ver de muito
perto, ou de muito longe. Melhor assim.
Enxergar demais pode cegar de vez.
Enxergar demais pensando demais e entendendo demais seria exagero e estamos na
era da sustentabilidade. Exageros são proibidos, condenados. Nos resta enxergar
cada vez menos. Mas pensar cada vez mais. Porque sustentabilidade também é
equilíbrio.
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