Abro o guarda-roupas pela manhã e não tenho
nada para vestir, mesmo diante da quantidade de roupas que se apresenta a minha
frente. Fico nervosa, reclamo da vida, do corpo, dos quilos que sobram ou dos
centímetros que faltam. Ainda esbravejando, recebo o telefonema que avisa que a
faxineira não vem. Está com o filho doente. Pronto. Qualquer roupa já está
ótima, considerando que não posso me atrasar nem um minuto, pois vou ter que
dar conta de mais coisa do que pensava.
Com o grande problema da falta da faxineira,
digo para a minha filha se apressar, ao que ela me responde que a garganta está
doendo. Chegando mais perto, verifico que ela está com febre. Nem quero mais
saber como a casa está ou como vai ficar. Amanhã a faxineira vem e está tudo
resolvido. Ligo para a pediatra e agendo a consulta para as quatro. Por
enquanto, apenas um antitérmico e a febre já vai passando. E quase me esqueço daquela reunião
importantíssima do meio-dia. A internet está extremamente instável e não
consigo finalizar o envio dos relatórios. Esbravejo mais uma vez por não ter
enviado os relatórios antes. Reclamo do computador, do servidor e do Steve
Jobs.
Mesmo sem os relatórios, mas com a minha
presença, a reunião começa. Os relatórios não poderão ser avaliados porque os
dados de comparação não foram apresentados por quem deveria. Pra que mesmo eu
perdi tanto tempo com eles? Me desculpe, Steve Jobs, problema não é você. Problema é ter que lidar com gente
descompromissada. Mais um ataque interno. Esbravejo agora contra as pessoas, o
sistema educacional, a juventude atual.
E me lembro da consulta da pequena. As pessoas
são até boas, problema é o trânsito. Como vou conseguir chegar ao pediatra as
quatro? Ainda esbravejando contra o trânsito, a quantidade de carros que as
pessoas possuem, a falta de educação no trânsito, chego ao consultório com
algum tempo de atraso. A médica também está atrasada. Muito atrasada. Pra que
mesmo que eu corri tanto?
Quase uma hora depois de ter chegado ao
consultório somos atendidas. Desculpando-se pelo atraso, a pediatra informa que
a criança que acabou de deixar o consultório foi diagnosticada com um síndrome
rara. Cura? Só Deus.
Agora eu esbravejo contra mim mesma.
Problemas? Só parecem grandes até que um outro apareça.
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