Alguma coisa me incomodava muito, e eu não sabia exatamente o que era. Quando consegui parar, percebi que havia, de fato, uma pedra no meu sapato. Sem qualquer hesitação, tirei o sapato que calçava meu pé direito e, rapidamente, retirei dali o objeto da minha insatisfação. Simples assim. Incomodou, localizei, retirei e continuei andando, devidamente aliviada.
A pedra saiu, mas eu coninuei pensando. Quantas vezes utilizei essa expressão "pedra no sapato" ? Que eu me lembre, foi a primeira vez que havia mesmo uma pedra no meu sapato, mas ao longo da vida, me lembro de ter utilizado esta expressão muitas vezes.
Uma menina que implicava comigo em uma Colônia de Férias foi uma pedra no meu sapato. Meu irmão, na época da adolescência, foi uma pedra no meu sapato. O fantasma dos quilos a mais sempre foi uma pedra, das grandes. A minha dissertação de mestrado foi uma pedra no meu sapato. A conta bancária no vermelho também. A compulsão por chocolate e a aversão a frutas e verduras. Dizer NÃO talvez tenha sido (se seja, até hoje) a minha maior pedra.
Algumas dessas pedras foram localizadas, outras não. Algumas foram retiradas. Mas o incômodo continua. Várias pedras continuam no meu sapato. Várias. Algumas, eu poderia ter tirado a tempo e não tirei. Talvez porque não as tenha identificado, talvez porque era incômodo demais abaixar para retirá-las. Outras, eu nem faço ideia do tamanho ou do peso, mas sei que existem, porque incomodam. Seria tão simples se pudéssemos localizar estas pedras que vão se acumulando ao longo da vida e, com a simples retirada de um sapato, jogá-las para fora, arrremesá-las longe.
Infelizmente, essas pedras não são como aquela que eu encontrei no meu sapato. Essas criam raízes. Crescem. São como seres vivos. Se alimentam da força que encontram em nossos sapatos. Se reproduzem. Até morrem, mas só com o passar do tempo ou quando são arremessadas. Sempre contra a própria vontade delas. Elas querem continuar ali, dentro do sapato, ao abrigo da luz e calor, com alimento de qualidade à disposição.
Dá trabalho arremessar essas pedras para longe. Algumas são pesadas demais e, muitas vezes, até precisamos de ajuda. Outras, apesar de leves, são sorrateiras, se escondem para fugir do arremesso. Existem até mesmo aquelas que são macias, e, a princípio, nem incomodam, mas com o passar do tempo, vamos nos dando conta de que o lugar delas não é ali, e de que a vida poderia ser bem melhor sem elas. Algumas, ainda, passam a vida toda sem serem vistas pelo dono do sapato que só as conhece quando alguém as vê por ele.
Apesar de podermos viver uma vida inteira com uma pedra no sapato, é preciso entender que a vida sem ela será infinitamente mais confortável. Ainda que seja necessário parar um pouco para abaixar e retirá-la.
2 comentários:
Rê, amor,
adorei saber dos quilos perdidos, caramba!!!!!!! 12? Isso é muito, meus parabéns! Menina, gostei de ver, determinacao é tudo, mesmo.
Entao a pedra no sapato eram as frutas e verduras? rsrs, que bom que vc tá retirando-as...
enquanto eu lia, Re, ficava pensando que tive tbm mts pedras nos meus sapatos, mas aí pensei que algumas delas, eu precisava ter tido, pra aprender junto. Precisei caminhar longos tempos com essas incômodas pedras, pra saber qual seria o melhor tempo pra parar, sentar e retirá-las,tem tempo que nao é o certo... puxa, até pedras nos ensinam :-(
Bjs nas suas meninas lindas (aaahhh,amei as fotos que vc me enviou, meu Deus, eu ainda nao te respondi aquele email??? Meu Deus, esqueci! Rê, perdoa...
Olha, AMEI as meninas, elas estao lindas e grandes demais... bjs pra elas e na nova mulher com 12k a menos!!!!
Adorei este Post !
Quantas pedras no sapato eu tive, e sempre achei que tinha que suportar...
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