abril 18, 2009
Meu Monteiro Lobato
Não me lembro de vê-la lendo tanto. Algumas vezes, talvez. A lembrança mais concreta foi de quando a vi lendo e sublinhando com caneta azul os trechos mais tocantes de “Minutos de Sabedoria”. Eu devia ter uns 11 anos ou mais. Mas muito antes disso, talvez até mesmo sem querer (ou não) ela já era o meu Monteiro Lobato. Ela adorava dizer que eu adorava ler. Ela adorava me comprar livros. O Menino do Dedo Verde, Meu Pé de Laranja Lima, A Casa do Anjo da Guarda, O Menino Maluquinho, As Reinações de Narizinho, foram alguns dos títulos que eu já havia lido muito antes de ouvir falar deles na escola. Ela nunca me negou um livro. Nem quando a dificuldade financeira batia muito forte à porta e eu nem desconfiava.
Eu podia quase tocar o orgulho que ela demonstrava quando dizia: “Ela adora ler!”, “Quando está lendo, parece que esquece do mundo, essa menina”. Hoje eu sinto o mesmo orgulho com as minhas filhas. O orgulho é tão grande que chega a ser concreto. Como quando fui buscar a Laura na escola e a professora nos disse que ela estava nos esperando na biblioteca, e, chegando até lá, encontramos uma Laura encantada com uma carteirinha de estudante nas mãos achando uma grande conquista o fato de poder pegar qualquer um dentre aquelas centenas de livros e devolver alguns dias depois. Monteiro Lobato precisava ver isso. Monteiro Lobato precisava ver o sorriso de todas as crianças que lêem. Mais. Precisava ver o que essas palavras lidas na infância fazem por um adulto. Precisava ver a transformação que a leitura faz no ser humano. No mundo. Nas relações humanas. Ele não viu, mas devia saber disso muito bem.
Ela? Continuo não sabendo se ela fez tudo isso de forma consciente. Não sei se ela sabia o quanto aqueles livros me faziam felizes. Não sei se ela sabe o quanto sou grata por isso. Não sei se ela sabe o quanto quero fazer o mesmo pelas minhas filhas. Não sei se ela sabe que foi o meu Monteiro Lobato. Nem sei se ela sabe o que significa ser o Monteiro Lobato de alguém. Mas ela foi. Acho que continua sendo, porque eu continuo sentindo forte aquele mesmo orgulho de quando era criança. Se encha de orgulho mesmo, Mãe. Ser Monteiro Lobato não é para qualquer um.
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19 comentários:
Renata: Lindo texto! Uma autentica homenagem à sua mãe, que conseguiu captar a mensagem de Lobato passando para ti, como uma relíquia, que agora fazes questão de a passar para as tuas filhas! Achei lindo o modo como falas sobre a sua mãe e o orgulho que sentes pelas tuas filhas, que parecem seguir as tuas pisadas.
Realmente estamos num tempo em que , certamente estaremos a colher o gosto pela leitura que grandes escritores ,como Lobato, lutaram e fizeram questão de semear pelo mundo fora.
Valeu a pena esperar que o teu post fosse publicado. Parabéns!
Bjs Susana
Renata, belo texto.
Beijos
Maravilha de texto!!quanta sensibilidade parabéns, bjs
Não é pra qualquer um mesmo, Renata! E parece que você será o Monteiro Lobato de suas filhas. Senti sua emoção ao escrever o texto e dedicar à sua mãe.
Eu entendi tudo errado a participação da blogagem coletiva hahaha era pra falar do nosso Monteiro Lobato? Eu falei do Monteiro Lobato, a pessoa que hoje o dia se dedica, aff!!
Boa blogagem! BEijus
Minna mãe, junto com minha avó, também foi minha "Monteiro Lobata". É um papel fundamental na vida e também quero repetir isso com a minha filha.
Abraços
Que linda!!
Meus olhos estao agora marejados!
Parabéns pela sua sensibilidade.
E viva a leitura!!
Renata, seu texto é lindo. Estou em apuros por ousar tentar escolher um texto entre tantos tão bons. Muito obrigada por trazer este escrito para iluminar a coletiva.
Abraço
Até me recordo!
Amava ler Monteiro Lobato!
A criança viaja na história!
Isso é saber escrever!
Beijo!
Rê, que legal que você está passando para suas filhas o hábito da leitura como sua mae fez com você :o) Eu tambem sou grata aos meus pais: Natal, aniversário e afins sempre tinha livro como um dos presentes. E a gente adorava! E a gente deitava na rede, no jardim, e lia, lia, lia. Inclusive toda a colecao do Monteiro Lobato, que era fascinante!!! Eu adorava a história em que a Emília mexia na chave do tamanho e todo mundo ficava minúsculo :o)))
Beijos!
Poxa, Renata !
Que lindo...
Me deu uma vontade de chorar danada.....PARABÉNS !
Fico muito feliz quando alguém me fala que "começou a gostar de ler por minha causa"....Acho que é uma missão isso....AMO SEU BLOG !
Que lindo! É desse tipo de influência que as crianças precisam! Bjs
Que bacana, mamae Lobato!!
me vi a mim mesma, na minha eterna admiracao pela Laura. Poucas coisas sao mais bonitas que ver um filho com livro na mao, nao sei, e como se fosse uma recompensa em sermos todos os lobatos pela vida da gente...
a mesma alegria vc terá com suas filhas, se verá um dia como sua mae se viu.
Sempre que venho te ver saio daqui bem melhor que antes porque tuas palavras delicadas e bem colocadas me emocionam, de verdade.
Lindo isso de ter um Monteiro Lobato pra si.
Um beijo,
Bel
oi renata! que lindo post! é realmente um privilégio ser o monteiro lobato de alguém... parabéns! bjs, querida!!!
Olá,
dei uma passadinha aqui,
pra te dar um abraço
bjs
Mari
Um homem que sabe amar nunca vai embora
ele sempre estará presente na vida da sua amada
ele será inesquecível
tem cheiro de rosas vermelhas
com o amor ninguém consegue acabar
ele nos acompanha mesmo que em silêncio total
O amor é imortal
silêncioso
por isso pensamos que ele foi embora
mas não
ele estará sempre presente
em nossas vidas
o prazer de ser amado
é o melhor prazer
delírios
Oi Renata!
Estou passando para pedir um favorzinho, se der para
vc votar no blog Esterança que está na final de um concurso,ficarei muito feliz, o link está no meu blog em minha última postagem,
agradeço de coração!
bj,
Monteiro Lobato e mesmmo um "mosntro rei" na literatura infantil. Lindas historias, contos que so enrriquecem a imaginacao e vida de milhares de criancas!
bju bju
Oi, Renata!
Enquanto fui lendo, as comportas foram se abrindo e relembrei desse seu texto adorável! Sentimentos constantes e fortalecedores para uma vida toda!
Beijus,
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