LOBO MAU E CHAPEUZINHO VERMELHO
Um dia desses, lendo o livro “Ostra Feliz não faz pérola”, de Rubem Alves, me deparei com uma análise muito interessante da economia brasileira comparando-a à estória da Chapeuzinho Vermelho. Me chamou atenção quando este autor diz que todo mundo tem o Lobo Mau como o grande vilão da estorinha, mas a verdadeira vilã é a mãe. Achei graça no início, imaginando que aquela seria mais uma das grandes sacadas de humor do autor. Algum tempo depois, ainda estava pensando na mãe como a vilã da estória e acho que acabei concordando com a interessante versão de Rubem Alves...
A situação é tão absurda, a princípio, que nem no filme “Deu a louca na Chapeuzinho” se cogitou a cândida e prendada mãe como uma possível vilã da saga da menininha boazinha que leva doces para a vovó. É muito mais fácil enxergar o lobo mau, com seus grandes olhos e dentes ainda maiores como aquele a quem se pretende apedrejar.
Mas, veja, a mãe da chapeuzinho, mesmo conhecendo as possibilidades de uma floresta com caminhos perigosos, mesmo sabendo da existência do lobo (lembrem-se de que a chapeuzinho fora devidamente advertida no início da estória), ou, pelo menos, da grande possibilidade de uma garotinha se perder ou se machucar no percurso até a casa da vovó, manda que a pobre e indefesa chapeuzinho cruze toda a floresta para levar deliciosos doces para a vovozinha acamada.
Se a mãe não tivesse mandado a chapeuzinho ir pela estrada afora, bem sozinha, levar os doces para a vovozinha, o lobo mau teria alguma chance? Ou, ainda, se a mãe tivesse acompanhado a garotinha de vermelho pela floresta, o lobo poderia enganá-las tão facilmente? Chego a imaginar que o lobo faria os seus estragos de um jeito ou de outro, mas acho que a chapeuzinho poderia ter tido outra sorte, se a mãe tivesse observado essas cautelas básicas...
A simples análise de uma simples estorinha infantil por um outro ângulo me fez pensar que a nossa responsabilidade como mães vai muito além de fazer doces deliciosos, vestir o casaquinho na criança e adverti-la dos perigos existentes pela estrada afora. Na verdade, somos responsáveis por acompanhar os passos dos pequenos e guiá-los por estradas nas quais não existam lobos, ou que eles, pelo menos, não consigam chegar perto dos nossos filhos...
setembro 16, 2008
Da Série "Especial para Giorgia Vasconcellos" 3
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2 comentários:
Que lindo isso, menina. Amei seu comentário! Beijo!
Oi Renata!vc esteve no nosso cantinho e eu vim retribuir sua bela visita. Andei lendo seus posts igualmente bonitos, cheios de delicadeza. Que bela coincidência mesmo entre nós, não é? temos filhas com o mesmo nome, Laura. E meu marido andou pensando quem sabe para a próxima menininha,Elisa, que eu adoro... mas já nos decidimos, se ela vier mesmo será Carolina, rsrs
Renata, seus textos sao mt bons. Fiquei apaixonada qd vc falou que a Laura fez uma personagem onde ela regaria e dancaria com as flores. Lindo. sobre ser exemplo (mais que verdadeiro), enfim. só nao entendi de onde vc tirou a idéia dos "especiais para Giorgia" rsrsrs
A gente se encontra entao? Beleza, porque temos mt o que aprender e ensinar,em prol de nossos (as) menininos (as) nao é?
Bjss
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