Ele conversa com a televisão. Emite
opiniões, briga, concorda, se revolta. Mas também conversa comigo como poucos
homens se dispõe a fazer.
Ele perde a paciência com o
controle remoto, mas perde ainda mais diante de uma injustiça lançada às suas
filhas.
Ele acha um absurdo eu comprar
outra bolsa de mão, mas adora me dar uma de presente.
Ele morre de rir das Pegadinhas
do Faustão, eu não acho graça. Mas a gente morre de rir, juntos, assistindo ao
Bob Esponja.
Ele assiste Walkind Dead sozinho
e com fones de ouvido, mas me espera para todos os episódios de Modern Family.
Ele briga comigo quando eu
tropeço na rua, diz que eu ando “olhando pra cima”, mas é o primeiro a segurar
a minha mão.
Ele reclama que ando devagar por
causa do salto alto, mas dá uma volta enorme com o carro só para me deixar na
porta do escritório.
Ele aprendeu a tomar café sem adoçar
comigo, mas me ensinou a usar o certificado digital.
Ele não gosta de esperar, mas faz
um curativo minucioso como ninguém.
Ele critica as músicas que gosto,
mas as cantarola durante todo o dia.
Ele gosta de carne, mas faz um
risoto maravilhoso, porque a gente adora.
Ele fala muito, mas faz ainda
mais.
Ele reclama que eu falo pouco,
não me expresso. Mas ele não sabe que o que eu sinto é tão grande, que, muitas
vezes, nem sobra lugar para muitas palavras.
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