outubro 11, 2012

Bem Acompanhadas.


Era cedo ainda. Não tanto, mas cedo. As crianças já estavam na escola. Em uma cidade quente, o dia amanhecer branco é um acontecimento. Um friozinho bom, que, assim como tudo na vida, é relativo. Quando viro a primeira esquina, vejo que, lá em cima, ela continua brilhando. Como se não quisesse ir embora. Como se quisesse continuar observando o que nós, aqui, tão pequeninhos, fazemos durante o dia. Não sei se foi o sol quem permitiu, ou se ela sequer pediu permissão. Se foi um acordo ou uma briga de gigantes. Mas o fato é que ela ainda estava lá.
Me lembrei de quando as meninas eram menores e em uma noite estrelada, voltando para casa de carro, uma delas me perguntou:
- Mãe, por que a lua está seguindo a gente?
Eu respondi:
- Porque vocês são maravilhosas e ela quer levá-las até em casa, para ter certeza de que vocês chegaram bem e vão ter uma noite muito tranqüila.
Não houve réplica. Apenas dois sorrisos vistos pelo retrovisor. Sorrisos de segurança, de calma.
A mais nova chegou a ter medo de fazer alguma coisa errada em outras ocasiões e perder aquela companhia tão linda.
E hoje ela ficou até de manhã. Não consegui mostrá-las, mas, certamente, vou ignorar novamente qualquer traço científico, movimentos de translação e rotação e dizer que ela estava ali, e isso continua a significar uma proteção e um carinho que vem do céu só pra elas. 

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