agosto 10, 2011

Alguns dias.


Alguns dias passam pela vida da gente sem que sejam sequer notados. Parecem que tampouco foram vividos. Quando crianças, poderíamos chamá-los de “ dias café-com-leite” ou qualquer coisa parecida. Um dia sem marca, sem cheiro, sem sabor. 

A sorte é que no meio desses dias sem predicados,  passamos por dias que se destacam no meio da multidão. Dias vividos de verdade. Dias com memórias, com cheiro, com sabor. Dias que nos fazem sorrir só de lembrar. Dias com brilho próprio. Dias que pareceram ter mais do que as vinte e quatro horas comuns aos demais. Aqueles que mereceriam páginas coloridas no diário de uma adolescente da minha época ou, ainda, registros incansáveis e cheios de entrelinhas para os facebooks  de hoje.  Minha filha mais velha diria que são dias irados, muito legais. A pequenina diria que são dias brilhantes, cor-de-rosa com glitter. Dias que dão inspiração, que compensam uma vida inteira, que dão fôlego.

Em alguns dias, parecemos fazer parte de uma grande dúvida, sem saber para onde ir ou aonde ficar. Caberia até trilha sonora do The Clash, algo como “Should I stay our should I go”.  Outros dias não conseguem ter uma trilha sonora, não chegam a esse nível de emoção,  representam apenas a incansável repetição de uma rotina também café-com-leite,  como na música Família, Titãs: “Almoça junto todo dia, nunca perde essa mania”.  

Apesar de gostar de rotina, chego a pensar que às vezes é necessário nadar contra a corrente, só pra exercitar. Todo o músculo que sente. E pedir um bis de presente, pro dia nascer feliz, como diria Cazuza – de quem eu não sou fã, em absoluto, mas sou obrigada a me render à beleza das suas alucinações poéticas.

Nando Reis – outro gênio alucinado – diz que o dia pode ser vertical. Assim eu quero os meus dias. Verticais. Buscando chegar a um lugar mais alto, tão longe como a lua corre. Mas...Se amanhã não for nada disso, caberá só a mim esquecer. O que eu ganho, o que eu perco, ninguém precisa saber. 

Um comentário:

Nina disse...

oi amor!!
é mesmo, eu tbm Re, adoro ter minha rotinazinha, amo, mas de fato, tem dia que preciso que aconteca coisas diferentes, a gente se sente mais vivo...

tá tdo bem por aí com vcs?