abril 14, 2011

Para guardar pra sempre.

No ano em que fiz quinze anos, ganhei de presente uma viagem para a Disney. Eu e várias amigas minhas da mesma idade. Ficamos dezoito dias entre Orlando e Miami, aproveitando tudo, achando tudo maravilhoso e, claro, trazendo malas cheias de bichos de pelúcia. Na época, ir na Disney e não trazer bichinhos de pelúcia era quase um pecado mortal. Era a época do Nintendo, de aparelhos de CD e fita cassete regravável. O meu "CD Player" tinha controle remoto e era a coisa mais moderna em que se podia pensar na época. Perfume Azzaro não podia faltar na bagagem, assim como CD's do Pink Floyd, U2 e de uma banda que eu acho que se chamava Technotronic, ou algo semelhante.

Muitas coisas me marcaram muito naquela viagem. Uma delas foi perceber no passaporte de uma menina chamada Fernanda, que também comemorava seus quinze anos, alguns carimbos anteriores. Aquela não era a sua primeira viagem internacional. Entre outras, ela já havia estado na Disney, alguns anos antes, com os pais e o irmão. Naquela hora, eu achei que havia encontrado a pessoa mais feliz do mundo. Ela estava vivendo aquilo tudo com as amigas, mas já tinha vivido antes, com a família. Achei o máximo. Não sei que fim levou a Fernanda, nem mesmo sei se ela sabe que o passaporte carimbado dela causou tanto impacto assim na vida de alguém, mas o fato é que eu, por muito tempo, achei que ela sim, era uma pessoa feliz, realizada. Viagem internacional, no meu universo, só acontecia aos quinze anos. Mas o meu universo mudou. Hoje, não acho que a felicidade dependa de uma viagem internacional, seja aos quinze, aos trinta, aos cinco ou aos cinquenta anoa. Bichos de Pelúcia não entrariam em minha bagagem, o meu CD Player super moderno virou um monstro pré-histórico sem lugar, minhas filhas sequer sabem o que é uma fita cassete regravável e nem sei se vendem mais Azarro...

O tempo passou. De forma implacável mas também deliciosa. Gratificante. Das fitas regraváveis ao IPod Nano, oportunidades foram aparecendo, responsabilidades foram surgindo, e, no meio de tudo isso, casamento, filhas e mais tantas outras coisas.

No meio desse cenário novo que a vida criou para mim - ou que eu criei para a vida, talvez - fomos à Disney com as crianças. Sem esperar quinze anos de ninguém, sem planejar demais, sem nada de especial para comemorar. Apenas o fato de estarmos juntos e podermos curtir essa fantasia toda de uma forma completamente diferente. E ainda mais deliciosa.

CDs, perfumes, video games, e tantas outras coisas deram lugar a coroas, varinhas de condão e até mesmo a fantasias de princesas. Horas de shopping foram substituídas por filas nos parques para que elas pudessem ter o autógrafo e as fotos de seus personagens preferidos. Idas repetidas nas montanhas russas mais radicais foram substituídas por estórias, shows musicais, atrações encantadoras.

E assim eu aprendi o que é magia de verdade. É ver nos olhos de uma criança a alegria por ver o Alladin e a Jasmin ao seu lado, se preocupar com a pequena sereia Ariel fora da água, se esconder atrás da Bela com medo das unhas enormes da Fera. É dizer que as princesas, naquela noite após o desfile, fariam uma festa do pijama no Castelo da Cinderela, pois estavam todas ali. É tentar bater na madrasta malvada que aparece no filme 4D. É cantar e dançar em qualquer oportunidade. Perguntar se as princesas também comem aquela pizza. É achar o cabelo da Princesa Aurora lindo e querer deixar crescer para usar igual. É celebrar cada cantinho, cada flor, cada jardim, cada luz, cada fogo de artifício. É dar significado para tudo e não se preocupar com o significado de nada ao mesmo tempo. É entender  que é ser criança e voltar a sê-lo de novo.

Voltamos de malas cheias, sim, mas mais cheio estava o coração. O passaporte foi carimbado sim, mas a maior marca que ficou foi o sorriso que aparece no rosto de cada uma delas quando lembramos do que passamos juntos. Vivemos um sonho sim, mas o melhor de tudo, para guardar para sempre, foi voltar para a realidade acreditando, de verdade, em magia.








7 comentários:

Hellen disse...

Lindo! Lindo! Lindo!

E através dos seus textos também estamos vivendo essa magia...

Bjo amiga!

Eduardo Fachetti disse...

A Laly tem razão, Renatinha, você escreve com a VEIA! É de ir se emocionando, parágrafo por parágrafo. E pensar que eu sei o que é fita regravável... rs...

Geysa disse...

PAMÉM EU acredito em papai noel!!

Bel disse...

Rê ... Eu já te disse uma vez mas quero repetir ... Tuas filhas tem tanta sorte ... Tanta e tanta. Por ter esse incentivo pra viver a fantasia. Pra ver a poesia que surge dela. Pra se sentir amada em todo e qualquer lugar.
Deve ter sido uma viagem pra guardar pela eternidade mesmo.
Vocês merecem!

Um beijo grande,

Bel

cyane disse...

Que lindo!!!!

É uma delícia estar junto com os filhos em pequenos momentos cheios de magia e encanto...Não posso ver o Mickey que eu quase morro de tanto chorar...As princesas da disney, então...Minhas filhas falam pra mim: "Mãe, por que você tanto chora?"
Sei lá...É involuntário...Rssss

Beijos

Nina disse...

ah que delícia!!!!!!!!!! entao era isso... aaaaahhhhhhhhh


amei saber desse passeio mágico, Rê. Ooooh, imagino as meninas encantadas, gente do céu, imagino bem as carinhas, olhando as princesas ao redor, tao próximas, ai, acho que até eu iria amar essa viagem de faz de conta tao real. Que bacana Rê!!!!
que legaaaaal....

amei, só pra variar,o belo texto!

Cantinho da Mile disse...

Amei essa magia ,como vc se inspira,e nos leva sentir o mesmos que vc,parabêns bjs,estou te seguindo ,vou amar sua visita no meu blog,tou te esperando.
http//cantinhodamiile.blogspot.com