novembro 29, 2010

O Tempo dos Desejos.

E ele chegou novamente. O tempo dos desejos. Começam a aparecer as vitrines coloridas de Natal, os cartões desejando tantas coisas boas, as atendentes de telemarketing dizendo "Boas Festas" a quem quer que se atreva a ligar para um número desses, enfim, uma overdose de desejos que dura um mês. Eu adoro Natal. Não tenho aquela depressão típica de algumas pessoas nesta época do ano, enfeito a casa, faço contagem regressiva com as meninas, escrevemos cartinhas para o Papai Noel, ligo o pisca-pisca todas as noites e fico horas observando e, claro, também saio desejando Feliz Natal para todo mundo (ou quase, pelo menos).

Mas as vezes me pego pensando...E se todos estes desejos e promessas para o novo ano que chega fossem divididos por doze e durassem o ano todo? E se costumássemos desejar também um Feliz Março, um Feliz Agosto? E se costumássemos renovar aquelas promessas durante todos os dias do ano? E se tivessemos a mesma fé que possuímos nos últimos dez segundos da contagem regressiva para o ano novo em todos os segundos da vida? E se pudessemos começar uma agenda nova todo dia? E se madássemos cartões durante o ano, ou, pelo menos, se realmente desejássemos tanto bem a cada dia? Será que o Natal perderia o brilho, o encanto? Ou será que os outros dias ganhariam um pouco mais de tudo isso? Não faríamos mais promessas ou cumpriríamos todas?

Difícil responder. Impossível, eu poderia dizer. Mas isso não me impede de continuar pensando...

novembro 21, 2010

O Prato do Dia.

E não é que aos 35 anos (preciso acertar o perfil ali ao lado), com duas filhas, eu resolvi que era hora de aprender a comer? Achava que essa hora nunca fosse chegar, e continuava comendo biscoito recheado de chocolate no café da manhã, arroz branco, batata frita e bife muito bem passado no almoço e sanduíche ou pizza no jantar. Intervalos enormes entre uma refeição e outra e várias besteirinhas nesse meio-tempo. Pipoca, chocolate, coca-cola, salgadinho, brigadeiro, sorvete. Paladar infantil e alimentação de uma criança desregrada.

Há quem não acredite, mas experimentei uva, melão na última semana. Pêra e Kiwi estão na lista. Rúcula e alface crespa entraram pela primeira vez em minha boca na última sexta-feira. Há um mês atrás foi o momento das frutas secas, da granola e da linhaça no iogurte. Além de ter me reconciliado também recentemente com a maçã, a gelatina e a banana-prata.

Confesso que ainda não consegui abrir mão da Coca-cola Zero. Mas há quase um mês não como acúcar e nem alimentos embutidos, e todo pão e todo arroz é integral. Não, não é radicalismo forever ou moda passageira de algum guru maluco. É a vontade de mudar. De crescer, de fazer direito. Se vou conseguir? Não sei. Se vou continuar tentando? Sim. Mesmo. Não estou sozinha  - http://invencibilidade.blogspot.com/ - e estou gostando cada vez mais desse novo EU.

novembro 07, 2010

Chove.

Poucas coisas conseguem criar tantas metáforas como a chuva. Chovem lágrimas, chovem bençãos, chove dinheiro, chove no molhado, chove canivete. Até gente chove. Eu me lembro de uma vez, na segunda série do ensino fundamental, ter feito um exercício de ciências sobre a importância da chuva. Déveríamos escrever uma redação.

Não me lembro de ter tido dificuldade. As palavras foram chovendo na minha cabeça e eu falei muito sobre a chuva. Falei que a chuva me parecia uma canção de ninar e que eu adorava dormir com a chuva, que ela me acalmava e que eu adorava o seu cheiro.

Quando a professora foi pedindo aos colegas que se levantassem e lessem a redação escrita, comecei a me envergonhar. Todos, sem exceção, falavam que a chuva era necessária para a agricultura, que sem a chuva não teríamos alimentos, que a chuva era, então, fenômeno importantíssimo para a sociedade. Eu contiuava sentada, aguardando ansiosa o momento de ler a minha redação sobre a chuva que nada tinha de científico e importante. E aguardando também, é claro, que a professora me chamasse a atenção por tamanha desconsideração para com a importância da chuva.

Eu li. E não fui chamada a atenção. Aquela professora, que se chamava Leila, entendeu a importância da chuva que eu queria abordar. E gostou. Eu não estava desconsiderando a importância social e científica da chuva. Estava apenas enxergando uma outra forma de fazê-lo. Menos ciência e mais pensamento, poesia. Acho que meus colegas talvez nem se lembrem dessa redação, mas eu me lembro até hoje. Sempre que chove. E me lembro dos elogios da professora Leila e de como foi bom recebê-los. Continuo achando que a chuva caindo é como uma canção de ninar e que o seu cheiro é dos mais agradáveis que já senti.

E hoje, sempre que posso, deito com as minhas pequenas quando está chovendo e digo: "_ Filhas, este barulhinho não parece uma canção de ninar?"