fevereiro 24, 2009

Arlequim continua chorando pelo amor da Colombina?

Eu me lembro de quando éramos crianças e brincávamos o carnaval em Jacaraípe, litoral capixaba. Todos os primos juntos em uma casa enorme, fantasias diferentes e uma matinê em um clube lindo chamado Riviera. A preparação já era uma festa. Bailarinas, Batman, Robin, Super Man, gatinhas e tudo mais o que a imaginação deixasse e as mães conseguissem realizar.

No clube, brincadeiras, marchinhas de carnaval, muito confete e serpentina. E à noite, esgotados, dormíamos sob os cuidados da sempre super vovó Wanda enquanto chegava a vez dos nossos pais irem ao baile do mesmo clube. Sempre achei que fosse chegar a minha vez de deixar meus filhos dormindo aos cuidados dos avós para ir ao tão sonhado baile da carnaval do Riviera. Logo depois, trocamos Jacaraípe por Guarapari, e os nossos verões e carnavais eram passados lá. Chegamos a ir algumas vezes na matinê do clube Siribeira, e até mesmo aos bailes à noite, quando já tínhamos uns quatorze, quinze anos. Mas logo depois, os bailes deixaram de existir. Não sei se porque o clube deixou de fazê-los ou se porque as pessoas perderam o interesse. Cidade maravilhosa, Mamãe eu quero, A cabeleira do Zezé, Pierrot e Colombina só eram mesmo lembrados por grupinhos de saudosos senhores e senhoras que tocavam seus instrumentos isolados em algum canto. Arlequim não chorava mais pelo amor da Colombina, mas sim acompanhava um trio elétrico afogando todas as mágoas do ano ao som de axé. Passou até a competir com outros pierrot solitários em um jogo cujo vencedor era aquele que beijasse mais colombinas diferentes em uma só noite. Dificilmente Arlequim estava em condições de lembrar o tal número para se sagrar vencedor, mas, o que importa? Que não me levem a mal, hoje é carnaval! Colombinas passaram a agir da mesma forma, afinal, elas tem direitos iguais. No carnaval e em qualquer época do ano.

Alecrins e Colombinas deixaram as fantasias de lado e passaram a vestir-se todos iguais, pois, fantasia, agora, se chama Abadá, e é o passaporte para seguir o trio elétrico escolhido de forma, digamos, protegida. Melhor? Pior? Não sei. Nunca vivi o carnaval do Abadá. Não ainda. E não sei se viverei. Agora, com minhas filhas, voltei à Guarapari aonde passei muitos de meus carnavais e me surpreendi com o que vi. A rua cheia de crianças fantasiadas, pierrots, colombinas, palhacinhos, fadinhas, borboletas, super-heróis, todos com muito confete e serpentina e devidamente acompanhados de seus pais. Crianças de todas as idades. As antigas marchinhas de carnaval dominavam as caixas de som, alternando-se com algumas músicas de axé e sambas-enredo. Alguns blocos com os necessários passaportes chamados Abadás, mas muita, muita fantasia, na verdadeira acepção da palavra.

E um carro de som passou anunciando que, às quatro horas da tarde, haveria matinê no Siribeira Clube, para minha surpresa. Eu, claro, vesti as minhas pequenas com suas fantasias. Laura, uma havainana linda e colorida. Elisa, uma abelhinha deliciosa e igualmente linda. Serpentinas e confetes a postos, adentramos no salão, devidamente decorado com máscaras e serpentinhas coloridas. Quantos risos, quanta alegria...E elas ali, em meio a princesas, caveiras, joaninhas, piratas, pedritas e personagens do Walt Disney.

Não sei se daqui a alguns anos elas serão colombinas no salão ou seguidoras desenfreadas de trios elétricos, nem sei se gostarão de carnaval ou não. Sei que viveram neste carnaval uma fantasia de verdade, uma mentira fantasiada, uma celebração da alegria, uma oportunidade de ser o personagem de seus sonhos, pelo menos por alguns momentos, da mesma forma como eu já vivi. Assim, a vida mostra o seu outro lado, dando a oportunidade de levarmos essa alegria para todos os outros dias comuns, afinal, não precisa ser carnaval para realizarmos sonhos e sermos felizes, seja chorando por uma colombina, seja atrás do trio elétrico. Não importa. Importa sim, sabermos fazer da fantasia uma realidade, em qualquer dia do ano.

fevereiro 12, 2009

Meme - Selo da Fiona

Bom, depois de alguns dias sem conseguir, segue o Meme Selo que ganhei da Cris-querida-Fiona, que é uma verdadeira graça que eu adoro visitar.

A tarefa consiste em contar seis coisas aleatórias sobre mim e convidar seis blogamigos para fazerem o mesmo.As regrinhas:

- Colocar o link de quem te indicou para o meme-selo;
- escrever essas 5 regras antes de seu meme para deixar a brincadeira mais clara;
- contar seis fatos aleatórios sobre você (essa é a proposta da brincadeira);
- indicar seis blogueiros para continuar a brincadeira;
- avisar esses blogueiros que eles foram indicados.

Vamos aos fatos aleatórios:

- Depois de 16 anos, consegui ficar em casa à noite, todos os dias da semana. Explico: Fiz faculdade á noite, pois trabalhava durante o dia, e, logo depois de concluir, fui convidada para dar aulas, à noite também. Ou seja, cinco anos de faculdade mais onze anos de aulas...Eu estou achando isso o máximo - junto com o meu marido, que também dava aulas, nos mesmos dias - e as minhas filhas estão AMANDO!

- Eu sou chocólatra assumida e uma 'quase-viciada' em coca-cola zero. Estranho, não?

- As coisas na minha vida aconteceram talvez cedo demais, considerando o ritmo de hoje em dia. Comecei a namorar meu marido com 16 anos, me casei com 22, tive a Laura com 26 e a Elisa com 30. Me formei com 21, terminei o mestrado com 25. Mas, hoje, com 33, me sinto muito feliz assim.

- Adoro ler e escrever, e tenho o sonho de, um dia, escrever um livro.

- Tenho paladar de criança, e não gosto de verduras e legumes. Nem de leite.

- Adoro séries de TV e reality shows (?).


Apesar de achar que todos já receberam, todos os blogs da minha listinha ao lado sintam-se convidados a fazer o Meme, eu adoraria conhecer mais um pouquinho de todos...

fevereiro 06, 2009

Volta às aulas

Cadernos novos, estojo de canetinha completo, cheirinho de papel novo, ansiedade, preocupação...Há quando tempo não sentia a empolgação da compra do material escolar! Laura e Elisa cursavam a educação infantil até o ano passado, e a lista de materiais nunca passava de revistas velhas para recortar, livrinhos de leitura, objetos diferentes. O resto sempre foi providenciado pelo próprio colégio. Esse ano, Laura passou ao Ensino Fundamental, o que me fez deparar com uma lista enorme de cadernos, canetas, lápis e livros e me fez retornar facilmente à infância.

A ansiedade dela era enorme. E eu me via de novo, em seus olhinhos brilhantes, cheios de promessas de capricho e responsabilidade. Eu poderia ter impresso as primeiras folhas no computador, com desenhos modernos que apresentassem as matérias: Língua Portuguesa, Matemática, Educação Religiosa, Ciências Humanas e Ciências da Natureza. Mas não. Eu preferi fazer cada capa à mão, mesmo não sendo tão habilidosa, com ela ao meu lado. Me lembrei exatamente de quando a minha mãe enfeitava as primeiras folhas dos meus cadernos e, depois, pedia ao meu pai que escrevesse o nome da discipina. A letra dele era linda! E eu acompanhava cada traço, ao ponto dele me pedir: "-Filha, afasta um pouquinho senão o papai vai errar!".

Engraçado isso...Eu tive que pedir à Laura que se afastasse por diversas vezes, porque ela queria acompanhar cada pontinho que eu fizesse. E achou tudo lindo, como se eu fosse a artista mais habilidosa do mundo...

E no domingo, véspera da volta às aulas, foi difícil o sono chegar para ela. A ansiedade não deixava. Eram muitas perguntas, muitas dúvidas, muita vontade que amanhecesse logo o dia e ela pudesse logo atravessar os portões da escola. Aquele mesmo sentimento que eu senti tantas vezes, do mesmo jeitinho...Às vezes fico pensando que Deus nos dá a oportunidade de vivermos de novo a nossa vida, passarmos a limpo mesmo, através de nossos filhos...

E o primeiro dia de aula, finalmente chegou. Uma segunda-feira colorida, quente, agitada, feliz. Sorrisos ansiosos, as mãozinhas transpirando de nervoso. Rostinhos novos, reencontros alegres. Para Laura, a primeira vez que usou uma mochila de rodinhas, que na educação infantil era proibida. Um orgulho sem tamanho. Para elas, para nós. Uma segunda-feira que elas não vão esquecer. Nem eu.